Unindo esforços e fortalecendo entidades locais para geração e democratização do conhecimento

Missão
Contribuir para o manejo sustentável da biodiversidade, assegurando os modos de vida das comunidades tradicionais e agricultores familiares, gerando renda e melhorando a qualidade de vida.
Visão
Ser referência na geração e socialização de informações contribuindo para inovação e sustentabilidade da produção de açaí no Marajó.
Atribuições
1. Organizar e divulgar informações sobre açaizeiro ocorrente nas florestas de várzea da Mesorregião de Marajó.
2. Identificar e mapear áreas de ocorrência de açaizeiro nas florestas de várzea da Mesorregião de Marajó.
3. Quantificar a produção de açaí em florestas de várzea da Mesorregião de Marajó.
4. Prospectar e organizar experiências exitosas, tecnologias e práticas de manejo de mínimo impacto de açaizais nativos em florestas de várzea.
5. Conduzir capacitações em manejo, colheita, beneficiamento e comercialização de açaí de floresta de várzea.
6. Elaborar, submeter e conduzir projetos para promoção da sustentabilidade em florestas de várzea da Mesorregião de Marajó.
História
Embrião do Centro
A parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) para conservar a biodiversidade brasileira e gerar renda para comunidades tradicionais e agricultores familiares”, possibilitou a condução do Projeto Bem Diverso, com objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentável em seis Territórios da Cidadania (Alto Acre e Capixaba; Alto Rio Pardo; Sertão do São Francisco; Médio Mearim; Sobral e Marajó) localizados em três biomas (Cerrado, Caatinga e Amazônia) através do uso sustentável da biodiversidade, com período de execução de 2016 a 2020.
Para atendimento das metas propostas para o Território da Cidadania Marajó (TC I - Marajó) foram estruturadas 2 equipes, sendo uma composta por empregados lotados na Embrapa Amazônia Oriental (TC I - Marajó) e a outra com empregados da Embrapa Amapá (TC II - Marajó) . A equipe da Amazônia Oriental, composta por 7 pessoas, atua nos municípios de Breves, Curralinho, Melgaço, São Sebastião da Boa Vista, Cachoeira do Arari, Muaná, Ponta de Pedras, Bagre e Portel. As principais atividades, nestes municípios, envolvem levantamento sociocomunitário, instalação de vitrines, capacitação de multiplicadores e avaliação dos impactos socioambientais. A principal tecnologia socializada junto aos multiplicadores locais é o “manejo de mínimo impacto de açaizais nativos”.
No Marajó, que compreende 16 municípios no Pará, 10 milhões de hectares e cerca de 37 mil famílias de pequenos agricultores, as principais ameaças à conservação da floresta são o desmatamento para a produção de madeira serrada; a exploração excessiva de açaí; o uso do fogo na agricultura de subsistência; o manejo inadequado das florestas; e a criação de búfalos que compacta solos em estações chuvosas e destrói a vegetação nativa. No TC I - Marajó, o projeto trabalha principalmente com o açaí, abelhas nativas e andiroba.
As características territoriais e sociais do Marajó despertou o desafio para busca de abordagens novas e criativas de oferta de tecnologias que possam colaborar de uma melhor forma com a redução das grandes disparidades inter-regionais, buscando contar com a colaboração da equipe do projeto e demais empregados de outros setores da Embrapa Amazônia Oriental, agentes multiplicadores capacitados, representantes de instituição parceira e moradores das comunidades atendidas.
Capacitação de Agentes Multiplicadores
Durante a condução do Projeto Bem Diverso no Marajó - TC I, no período de 2016 a 2018, foram capacitados mais de 600 agentes multiplicadores em manejo de mínimo impacto de açaizais nativos. Dentro os agentes, a maioria são técnicos de instituições de assistência técnica e extensão rural, líderes comunitários, professores e técnicos que moram em comunidades, mas não estão no mercado de trabalho.
A metodologia utilizada nos cursos para capacitação dos agentes multiplicadores envolve uma carga horária de 32 horas entre aulas teóricas e práticas, disponibilização da cartilha “Guia prático de manejo de açaizais para a produção de frutos” e instalação de unidades demonstrativas de manejo. Toda formação é voltada para capacitar os agentes para atuarem como multiplicadores da informação na região do Marajó.
A formação de agentes representa uma alternativa para a multiplicação do conhecimento a moradores de comunidades ribeirinhas para aplicação do manejo de açaizais com mínimo impacto. Para que essa socialização seja efetiva e tenha maior garantia de aplicação das práticas nas áreas de açaizal nativo no Marajó é necessário construir estratégias inovadoras que contribuam para democratização do conhecimento, com o protagonismo local.
Mochila do Facilitador
O uso de práticas inadequadas de manejo de açaizais nativos no Marajó, na sua maioria, se deve pela dificuldade de acesso à informação que não chegam às comunidades. A socialização de práticas, tecnologias e técnicas sustentáveis aos moradores de comunidades ribeirinhas desta região demandam grandes investimentos, dificultando a atuação de instituições de pesquisa, inovação e de extensão, em função da grande extensão do território, a baixa densidade populacional e o acesso que é feito pelos rios. A inovação na geração e socialização das informações é imprescindível, para transpor estas dificuldades, possibilitando a democratização do conhecimento.
Como enfrentamento a este cenário, no período de 2017 e 2018, foi conduzido no âmbito do Projeto Bem Diverso a construção da Mochila do Facilitador, em formato físico e virtual, composta por uma cartilha que orienta o uso de suas ferramentas, metodologia e dinâmicas, bem como congrega informações sobre as práticas sustentáveis, um folder passo a passo de como conduzir o manejo, o caderno densidade para melhor entendimento da distribuição e quantidade das espécies e produtividade, fichas de inventário, ferramentas, apresentações e vídeos. Este conjunto facilita a comunicação entre o agente multiplicador e produtores ribeirinhos de açaí, em prol de um manejo sustentável.
E nasce o MANEJAÍ
A formação de agentes e a construção de material didático que compõe a mochila do facilitador vem colaborar com a redução de dois de três entraves que dificultam o protagonismo do agente multiplicador na socialização do conhecimento, o primeiro é a falta de uma equipe técnica local e comunitária capacitada para conduzir cursos e treinamentos para manejadores e o segundo a pouca disponibilidade de ferramentas com linguagem adequada para este fim.
A falta de estrutura organizacional local e comunitária para viabilização de recursos para garantir a socialização e uso deste conhecimento no Marajó, representa o terceiro e principal entrave, no momento.
Frente a este problema, em 2019, a formação do Centro de Referência em Manejo de Açaizais no Marajó (MANEJAÍ), possibilitará a união de esforços e fortalecimento de entidades locais para consolidação e condução de uma estrutura que tem foco na geração e democratização do conhecimento em torno do manejo de mínimo impacto de açaizais nativos no Marajó para produção sustentável de açaí.
Os agentes multiplicadores e a mochila do facilitador farão parte do centro de referência, com sua sede na comunidade Santo Ezequiel Moreno, em Portel, com atuação no Marajó.
Entre as ações do Centro será conduzida a capacitação complementar de agentes multiplicadores, para atuar como facilitadores na socialização do manejo de mínimo impacto de açaizais nativos.
O Centro de Referência em Manejo de Açaizais no Marajó (MANEJAÍ) é um desdobramento da superação de desafios desta região. O registro das etapas que levaram a esta construção colaborará com a manutenção da memória do centro, desde as atividades no âmbito do Projeto Bem Diverso, a união de esforços com foco no fortalecimento das representações locais e dos moradores do Marajó, bem como a estruturação compartilhada do Centro, fruto do entrelaço de valores e da busca pela sustentabilidade.
Durante a III Feira de Ciências do Acutipereira, realizada na comunidade Santo Ezequiel Moreno em novembro de 2018, onde o Projeto Bem Diverso foi um dos parceiros, foram conduzidas reuniões de trabalho com os representantes das entidades locais e os moradores da comunidade, para tratar da proposta do centro e de sua aprovação, quanto a elaboração de seu plano de trabalho.
